sexta-feira, 15 de março de 2013

“Francisco, novo e refrescante ar do Sul”


O papa Francisco visto pelos agostinianos recoletos de Buenos Aires: “Viajava de ônibus e metrô; vai ser difícil acostumar-se com a vida protocolar do Vaticano”

“Francisco, novo e refrescante ar do Sul”, é o título da reflexão que prior geral faz no blogue da Ordem sobre o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, que desde 13 de março passa a ser o Papa Francisco. O até agora arcebispo de Buenos Aires, Argentina teve uma relação muito próxima com os agostinianos recoletos que administram a paróquia de Nuestra Señora de la Consolación (Nossa Senhora da Consolação). A web oficial da Ordem colheu os testemunhos do superior dos religiosos na Argentina, Darío Rubén Quintana, e de outro agostiniano recoleto argentino, Carlos María Domínguez, atual vigário da província de Santo Tomás de Vilanova. Os dois receberam com “assombro e alegria” a eleição de Bergoglio como novo bispo de Roma.



O cardeal Bergoglio pede aos agostinianos recoletos que “não fiquem quietos e tenham coragem”


O arcebispo de Buenos Aires e cardeal primaz de Argentina, Jorge Bergoglio, em uma emotiva missa que celebrou na vigília de Pentecostes junto à comunidade agostiniana recoleta, como parte da comemoração do centenário da restauração da província Santo Tomás de Vilanova, incentivou aos recoletos a “ter coragem” para transmitir a mensagem do Evangelho, a “ser protagonistas” e não ficarem calados.

O Cardeal Jorge Bergoglio na paróquia Nossa Senhora da Consolação de Buenos Aires desejou à comunidade agostiniana que, “neste novo centenário que se inicia agora, não fiquem calados e tenham coragem”.


“Escutem a utopia dos jovens, abram seu coração à sapiencial memória dos anciãos”, acrescentou o arcebispo, que recebeu um estrondoso aplauso dos fiéis, alguns dos quais filmaram ou fotografaram a cerimônia. 

A missa foi concelebrada pelo vigário de Belgrano, Dom Horacio Benitez Astoul, e mais de vinte sacerdotes. A igreja estava repleta de fiéis, a ponto que muitos terem de permanecer de pé e mesmo ocupar as galerias superiores. 

O vigário da Ordem na Argentina, Carlos María Domínguez, agradeceu aos agostinianos de Santa Fé, Rosário, Mar del Plata, San Andrés e Villa Maipú antes de finalizar a cerimônia, e explicou que havia sido concedida uma indulgência plenária aos presentes que comungaram, se confessaram, fizeram um ato de piedade e rezaram pelas intenções do papa Bento XVI. 

Centenário 

O cardeal convidou a perguntar-se “se temos o coração em movimento ou estamos demasiado quietos, se somos protagonistas”. Uma pergunta que propôs “hoje, de maneira especial, ao cumprir-se cem anos da restauração da província dos agostinianos recoletos”. 

“A mensagem do Evangelho não é para guardar em latas de conservas”, enfatizou Bergoglio. O cardeal comentou em sua homilia uma passagem do Evangelho de São João que diz que “de suas entranhas brotarão mananciais de água viva” e explicou que o texto se referia ao Espírito Santo. “O Espírito impulsiona. Pelo Espírito se realiza essa dinâmica do Reino que é sempre expansiva”, assinalou Bergoglio, recordando, ainda, as parábolas da semente e do fermento. 

“O Espírito é aquele que nos acompanha, nos dá esperança, nos faz mudar, grita dentro nós”. “O Espírito não nos deixa quietos. Não deixa quietas as comunidades cristãs, não deixa quietos nossos corações”, assegurou. 

“Quando alguém encontra uma pessoa, uma comunidade ou uma igreja que estão demasiado quietos, o Espírito Santo não está neles. Falta-lhes o Espírito de vida, aquele que as empurra para fora”, acrescentou. 

O purpurado explicou que “em cada etapa da vida o Espírito age de maneira diferente”, fazendo com que “os mais velhos marquem o caminho, sejam proativos e não reativos, que os anciãos derramem sua memória sapiencial, e os jovens tenham ideais, utopias, que são as que marcam horizontes”. 

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